Fraturas na Coluna: como acontecem e como tratá-las

Fraturas na Coluna: como acontecem e como tratá-las

fevereiro 4, 2020 11:47 am Dor na coluna

Dependendo da pressão aplicada na coluna, as vértebras podem se fragmentar em determinados pontos, originando fraturas na coluna.

A coluna vertebral é, normalmente, formada por 33 vértebras se dividindo em três regiões anatômicas. A coluna cervical fica na região do pescoço, conectando a região superior da coluna ao dorso. A coluna dorsal abrange o dorso, delimitada pelos limites superiores e inferiores da caixa torácica.

A coluna lombar-sacra tem limite superior na porção inferior da coluna dorsal e limite inferior na conexão com o quadril por meio das vértebras sacrais e das articulações sacro-ilíacas.

É essa estrutura que sustenta a maior parte do peso do nosso corpo corporal.

1 O que causa as fraturas na coluna?
2 Quais são os tipos?
2.1 Fraturas por osteopenia ou osteoporose
2.2 Fraturas por tumor
2.3 Fraturas por traumatismos
3 Quais são os sintomas da fratura?
4 Quem pode desenvolver fraturas na coluna?
5 Como é feito o diagnóstico?
6 Quais são os tratamentos mais indicados?
6.1 Cirurgia na coluna em casos de fratura
6.2 Cirurgia na coluna para tratamento de tumores

1 O que causa fraturas na coluna?

A unidade funcional da coluna é composta por vértebras, diversas articulações, discos e ligamentos. Se uma força intensa for aplicada sobre a coluna vertebral, seja por movimentos bruscos ou causados por traumatismos, a estrutura óssea ou ligamentar pode se romper em determinados pontos.

Isso origina uma fratura, que é caracterizada como resultado final quando essas forças ultrapassam a resistência biomecânica normal da coluna. Além dos fatores mecânicos, toda e qualquer doença que destrua a integridade ou resistência das estruturas anatômicas pode resultar em fratura.

Os exemplos mais comuns são doenças metabólicas, como a osteopenia e a osteoporose, e as lesões tumorais, como tumores malignos e metástases. A primeira porque promove alteração da rigidez mecânica das vértebras e as demais pela eventual destruição simultânea de elementos estruturais.

Durante a fase adulta, as vértebras podem se tornar mais fragilizadas pela perda da estrutura anatômica habitual e pela diminuição dos depósitos de cálcio na estrutura óssea da vértebra. Normalmente, essa época se caracteriza na mulher no período da menopausa e no homem a partir dos 60 anos.

Além da menopausa e do envelhecimento, o tabagismo crônico, doenças reumáticas, diabetes e uso contínuo de alguns medicamentos podem aumentar o risco e gerar o aparecimento precoce de osteopenia e a osteoporose, tornando a coluna mais suscetível ao surgimento de fraturas.

2 Quais são os tipos?

As fraturas na coluna apresentam aspectos distintos dependendo da região anatômica envolvida e do aspecto das imagens obtidas por exames complementares durante a avaliação de cada caso.

A fratura pode comprometer de maneira simplificada várias ou todas as estruturas anatômicas relacionadas à coluna vertebral. Alguns exemplos são: artérias, veias, nervos espinhais, dura-máter, medula espinhal, disco intervertebral, musculatura paravertebral, ligamentos, facetas articulares, corpo vertebral, arco vertebral e apófises espinhosas.

A fratura pode causar deformidade, instabilidade, biomecânica e a ocorrência de comprometimento neurológico associado à enfermidade, como déficit motor e sensitivo dos membros, paraplegia, tetraplegia, alteração no controle da diurese e na evacuação.

Para cada região anatômica, existem inúmeras classificações internacionais consolidadas e específicas que permitem a categorização correta e objetiva de cada fratura e direcionam, portanto, para o tratamento médico mais adequado a cada situação.

Por uma questão de maior clareza e objetividade desse texto, cabe apenas comentar aqui que cada caso deve ser analisado de forma direta com o médico durante a consulta onde se realizará a anamnese (entrevista) e na mesma ocasião, também se realizará o exame físico detalhado e a avaliação dos exames complementares mais relevantes ao contexto de cada paciente.

No vídeo acima, temos uma breve explicação sobre as diferenças entre fraturas que atingem apenas as vértebras e fraturas que afetam a medula.

2.1 Fraturas por osteopenia ou osteoporose

As fraturas patológicas causadas por osteopenia/osteoporose ocorrem mais frequentemente nas regiões torácicas e lombares. 

E como esse tipo de fratura pode ocorrer sem um histórico de trauma significativo, muitos pacientes podem não se recordar do evento que originou a fratura. Esse, inclusive, pode ter sido causado durante uma queda ou levantamento de peso, por exemplo.

2.2 Fraturas por tumor

As fraturas patológicas por tumor podem acometer todas as três regiões anatômicas indistintamente e podem ser de natureza espontânea, sem um histórico significativo. Em algumas situações, pode ser a primeira manifestação da doença oncológica no paciente.

2.3 Fraturas por traumatismos

Já as fraturas resultantes de traumatismos podem ser múltiplas, concomitantes e complexas, dependendo da natureza e da gravidade do evento. Podem, também, acometer todas as regiões da coluna.

Os exemplos mais comuns são quedas, atropelamentos, explosões, capotamentos em acidentes de trânsito, armas de fogo e agressões. Além daquelas causadas por impactos durante atividades esportivas, como mergulhos, paraquedismo, voos de asa delta, ultraleve, avião ou planador, motociclismo, etc.

Por fim, cabe ainda lembrar que tentativas de suicídio por queda de altura e enforcamento podem gerar fraturas na coluna vertebral. Esse tipo de fratura pode ser igualmente complexa e grave.

3 Quais são os sintomas da fratura?

Para pacientes portadores de fraturas na coluna, de maneira geral, podem referir as seguintes queixas ou seguintes sintomas.

  • Dor na coluna: o paciente pode sentir dor na região afetada em graus variados. Pode estar associada a espasmos ou contratura muscular dolorosa, impossibilitando ou restringindo a mobilidade habitual. A palpação das apófises espinhosas localizadas na área fraturada costuma causar intensa dor e é muito pouco tolerada pelo paciente.
  • Déficit neurológico: o paciente pode sentir formigamentos (parestesias) ou déficit motor completo ou parcial dos membros. Dificuldades de marcha em graus variados, paraplegia e tetraplegia podem ser sentidas também. Podem estar presentes ainda a perda parcial ou total da sensibilidade tátil.
  • Alteração na micção e evacuação: o paciente pode experimentar retenção urinária e fecal em casos agudos. Pode haver, também, dificuldade miccional ou constipação anormais aos hábitos do paciente e de início recente.

No vídeo acima, estão alguns dos principais sintomas de cada tipo de fratura.

Pacientes com histórico de fraturas prévias na coluna vertebral podem sentir dor ou deformidade progressiva da coluna. Mesmo na ausência de um histórico atual de fratura ou trauma significativo recente, o paciente pode sentir o surgimento inesperado de dor.

Se o histórico clínico é de traumatismo inequívoco e recente, dependendo da extensão do déficit neurológico pode haver a necessidade imediata de restringir a mobilidade do paciente por meio de colete rígido. Todo e qualquer esforço físico por parte do paciente deve ser completamente evitado até o diagnóstico definitivo.

4 Quem pode desenvolver uma fratura?

Qualquer pessoa pode vir a desenvolver uma fratura de coluna, já que todos nós estamos sujeitos à quedas e traumatismos pelos diversos mecanismos já mencionados.

Porém, quando falamos em fraturas patológicas, os maiores grupos de risco são:

  • Idosos com baixo peso corporal ou desnutridos;
  • Pessoas portadoras de osteopenia ou osteoporose. Os de maior risco são pacientes que não tratam regularmente qualquer umas destas duas enfermidades;
  • Pacientes com histórico prévio de fratura da coluna vertebral ou de quadril;
  • Pacientes oncológicos com histórico de tumores com maior potencial de geração de metástases ósseas vertebrais;
  • Pessoas com histórico de etilismo e tabagismo crônico, uso prolongado e crônico de corticosteróides, anticoagulantes ou anticonvulsivantes.

Além disso, pessoas que sofreram diversas fraturas consecutivas podem desenvolver deformidade por perda progressiva do alinhamento fisiológico de sua coluna.

Isso afeta o equilíbrio, a mobilidade e, nos casos tardios e não tratados, dificulta a ventilação pulmonar por restrição da expansão da caixa torácica durante a respiração. Por razões óbvias, esse grupo de pacientes apresenta risco aumentado de desenvolver novas fraturas.

Os hábitos de vida inadequados (tabagismo, etilismo, má alimentação e desnutrição) comprometem a vitalidade da estrutura óssea e isso, automaticamente, coloca os indivíduos em risco de desenvolver fraturas.

Em todos os casos, o paciente deve consultar o médico e realizar os exames complementares buscando avaliar a possibilidade do surgimento de novas fraturas.

5 Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico começa pela entrevista com histórico médico detalhado, juntamente com exame físico, e é  confirmado por exames de imagem. O exame físico detalhado busca avaliar e identificar déficit neurológico (sensibilidade e motricidade), áreas de hipersensibilidade, presença de restrição ou dor desencadeada por mobilidade.

Exames laboratoriais podem identificar anormalidades de natureza metabólica, hormonal e/ou imunológica.

Exames de imagem podem incluir avaliação por meio de radiografias, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, cintilografia óssea, PET tomografia e densidade óssea.

Exames neurofisiológicos podem ser necessários na avaliação adequada de pacientes com anormalidades neurológicas e podem incluir potencial evocado motor, somato-sensitivo e eletroneuromiografia de membros.

Avaliação Urodinâmica pode ser necessária para o diagnóstico exato e o manejo mais adequado nos casos em que se observam anormalidades funcionais da bexiga. Assim como pode se fazer necessária a avaliação proctológica.

O conjunto dos resultados dos exames complementares específicos permitem categorizar e classificar a fratura, confirmar a presença ou não de instabilidade biomecânica e identificar possíveis lesões neurológicas associadas, definindo, portanto, o manejo mais adequado a cada caso.

6 Quais são os tratamentos mais indicados?

Para os casos em que foi confirmada a fratura na coluna vertebral, o mais indicado é o tratamento analgésico e a imobilização do segmento afetado. Em casos específicos, o paciente, inclusive, deverá fazer o uso de um colete rígido.

Se o indivíduo for portador de osteopenia ou osteoporose, é indicado o tratamento concomitante dessas doenças, como medida de redução do risco futuro do desenvolvimento de novas fraturas.

6.1 Cirurgia na coluna em casos de fratura

A cirurgia na coluna como tratamento para uma fratura poderá estar entre as indicações do seu médico e dependerá de uma avaliação individual. O profissional deverá avaliar o tipo de fratura, idade do paciente e seu estado geral, assim como demais fatores que podem afetar a decisão.

Há um consenso geral na medicina para o uso de cirurgia como tratamento para casos de fratura nas seguintes ocasiões:

  • Pacientes que não obtiveram cura ou cicatrização adequada utilizando medidas de tratamento conservador e ainda apresentam os sintomas de uma fratura na coluna;
  • Casos em que a fratura compromete de maneira acentuada o alinhamento fisiológico. Quando já uma deformidade progressiva da coluna que incapacita a vida funcional do paciente;
  • Casos em que a estabilidade biomecânica da coluna foi afetada. Isso pode causar risco potencial de lesão nas estruturas nervosas da coluna;
  • Em casos específicos nos quais já se observa a compressão das estruturas nervosas, causando déficit neurológico progressivo, ou seja, quando o paciente começa a desenvolver falta de sensibilidade e falha motora.

6.2 Cirurgia na coluna para tratamento de tumores

Quando o paciente apresenta fratura na coluna em decorrência de um tumor, o cirurgião da coluna e o oncologista devem avaliar o caso. Durante a consulta médica e após os exames complementares específicos, a melhor estratégia de cuidado em cada situação vai ser definida.

Em casos muito específicos, a cirurgia pode ser o único tratamento utilizado, sem haver a necessidade de tratamento adicionais. Em todos os casos, o paciente deve apresentar um bom prognóstico de vida e um bom estado geral.

Lembrando que essa é sempre uma decisão conjunta entre o paciente, familiares, cirurgião e oncologista. E, mais uma vez, cabe lembrar aqui que as expectativas do paciente devem ser sempre alinhadas aos objetivos do tratamento proposto.

Marque sua consulta para entender melhor os aspectos específicos da sua condição de saúde.