Hérnia de Disco: conheça as causas, os sintomas e os principais tratamentos

Hérnia de Disco: conheça as causas, os sintomas e os principais tratamentos

fevereiro 4, 2020 11:47 am Dor na coluna

O disco vertebral é uma proteção que impede que uma vértebra bata na outra. E a hérnia de disco acontece quando essa proteção é danificada.

O impacto das hérnias de disco na coluna é muito significativo. Em um estudo de 2002, Cassou e colaboradores entrevistaram trabalhadores franceses e descobriram que 7,8% dos homens e 14,8% das mulheres apresentavam sintomas de doenças discais.

A dor na coluna lombar causada por doenças discais em estudos populacionais não é recente. Lawrence, na década de 50, publicou um estudo que mostrou que 35% das mulheres e 40% dos homens adultos após os 34 anos já havia experimentado esse tipo de dor em algum momento da vida.

Diversos outros estudos populacionais sobre a dor na coluna já foram publicados na literatura médica e todos eles constataram que os sintomas das doenças discais tem impacto determinante na vida individual e nas atividades profissionais de indivíduos.

A coluna vertebral é formada por uma série de vértebras justapostas uma sobre a outra e conectadas por ligamentos, articulações e pelos discos intervertebrais. Esse disco é uma estrutura de fibrocartilagem que possui certas características que permitem duas funções principais: função estática e movimento.

Na função estática, os discos normais possuem uma função de amortecimento dos impactos mecânicos resultantes da vida cotidiana, sendo capazes de absorver essas forças de uma maneira muito eficiente. O que significa que os discos têm um papel importante na manutenção da flexibilidade e mobilidade da coluna.

As doenças discais acometem a estrutura do disco, acelerando seu desgaste e afetando sua função. Além disso, devido à proximidade dos discos intervertebrais em relação às estruturas nervosas, qualquer enfermidade discal pode dar origem a manifestações clínicas por comprometimento de nervos espinhais ou da medula espinhal.

1 Quais são as causas da hérnia de disco?
2 Quais são os tipos?
2.1 Protusão Discal
2.2 Extrusa
2.3 Sequestrada
3 Quais são os principais sintomas?
3.1 Sintomas clínicos das hérnias de disco torácicas
4 Quem pode desenvolver as hérnias de disco?
5 Como é feito o diagnóstico?
6 Quais são os tratamentos recomendados?
6.1 E se o tratamento conservador não funcionar?

1 O que causa a hérnia de disco?

As causas que levam a uma hérnia de disco são diversas. A doença degenerativa da coluna vertebral pode se iniciar de maneira lenta a partir dos 20 anos de idade e tende a progredir por toda a vida do indivíduo.

O disco intervertebral também sofre um processo degenerativo que acomete o ânulo discal, o núcleo pulposo e o platô intervertebral em graus diversos, dependendo do estágio da doença discal.

Existem fatores genéticos já confirmados em diversos estudos que mostram que alguns grupos familiares tendem a apresentar uma incidência elevada da doença discal.

Além disso, existem fatores de risco comumente associados ao aparecimento de hérnias de disco, tais como:

  • Levantamento de peso repetitivo;
  • Rotação e flexão frequente dos segmentos móveis da coluna (cervical e lombo-sacra);
  • Exposição à vibração intensa durante atividade laboral ao conduzir máquinas ou veículos;
  • Inatividade física (sedentarismo);
  • Dirigir por longos períodos;
  • Má postura relacionada à atividade laboral, por períodos prolongados de tempo;

2 Quais são os tipos de hérnia de disco?

A hérnia de disco pode ser classificada de acordo com sua localização ao longo da coluna, dano em sua estrutura e localização exata.

Ela pode acontecer em toda a extensão da coluna e pode ser cervical (na região do pescoço), torácica (na altura da caixa torácica) e lombar-sacra (na região mais baixa da coluna).

A lesão também pode ser classificada de acordo com sua localização exata na coluna, podendo ser mediana, póstero lateral, foraminal ou extremo-lateral.

O disco vertebral é composto por duas estruturas básicas: o ânulo fibroso (porção externa) e núcleo pulposo (porção interna). E, quanto ao dano em sua estrutura, existem três tipos principais de hérnia de disco:

  • Protusão discal: quando o ânulo discal sofre pequenas fissuras em sua estrutura, perdendo seu aspecto original e assumindo um formato irregular, com expansões irregulares localizadas. O disco se torna ovalado e se expande além de seus limites habituais. Esse é o tipo mais comum.
  • Extrusa: devido a uma ruptura localizada no ânulo discal, ocorre o  extravasamento de uma parte do núcleo pulposo, mas ainda mantendo contato com seu ponto de origem.
  • Sequestrada: ocorre por uma ruptura do ânulo discal, causando o extravasamento parcial, à distância, do núcleo pulposo em diversas direções dentro do canal vertebral. O material extruso perde o contato com o seu ponto de origem.

3 Quais são os sintomas da hérnia de disco?

De maneira geral, uma hérnia de disco pode se manifestar em qualquer segmento da coluna, podendo comprimir as estruturas nervosas adjacentes a ela (sejam nervos ou a própria medula) e causar dor, formigamento, fraqueza ou perda de sensibilidade nos braços e pernas.

A hérnia de disco apresenta manifestações clínicas muito distintas , sendo possível observar desde pacientes que não apresentam dor até pacientes com sintomas de dor intensa, crônica e limitante as atividades da vida cotidiana.

Muitos  pacientes ao serem examinados se surpreendem ao perceberem alterações neurológicas (perda de sensibilidade e força) avançadas com pouca ou nenhuma dor.

De maneira resumida, estes são os principais sintomas e sinais das hérnias de disco lombares e cervicais:

CERVICAL

LOMBAR

Dor na região da nuca e no pescoço com irradiação para os ombros, escápulas e membros superiores(braços, antebraços, mãos e dedos).

Dor na região lombar com irradiação para os membros inferiores (glúteos, coxas, panturrilhas e pés).

Dificuldade em movimentar o pescoço (flexão, extensão, rotação) ou levantar os braços. Presença de contraturas musculares localizadas e dolorosas.

Dificuldade em se movimentar a região lombar no dia a dia (flexão, extensão, rotação). Presença de contraturas musculares localizadas e dolorosas.

Perda de força em movimentos específicos dos membros superiores e, nos casos com mielopatia cervical, dificuldade de marcha ou alteração de esfíncteres (urinário-fecal).

Perda de força em movimentos específicos nos membros inferiores e, em casos de compressão da cauda equina, dificuldade de marcha ou alteração de esfíncteres (urinário-fecal).

Dormência, queimação ou áreas de anestesia (hipoestesia) em um dos braços, antebraços, mãos ou dedos.

Dormência, queimação ou áreas de anestesia (hipoestesia) nos membros inferiores (glúteos, coxas, panturrilhas e pés).

O aconselhamento médico em todos os casos é fundamental para se correlacionar  cuidadosamente os achados dos exames de imagem com o quadro atual de cada paciente por meio de consulta com exame físico detalhado. Se você possui o diagnóstico de hérnia discal e possui dúvidas sobre a sua condição de saúde não hesite em consultar conosco.

3.1 Sintomas clínicos das hérnias de disco torácicas

As hérnias discais torácicas sintomáticas correspondem a 1% do total de casos na clínica diária e menos de 2% do total de casos operados.

Mesmo sendo de ocorrência bem mais rara, as hérnias de disco na região torácica da coluna podem se apresentar com dor na região dorsal (meio das costas), irradiação por um dos lados da caixa torácica ou em faixa.

A dor costuma se estender até o flanco da região lombar ou irradiar até a região inguinal. Os pacientes que apresentarem lesão nessa região podem apresentar, ainda, formigamentos, dificuldade de marca recente ou com piora progressiva e disfunção de esfíncteres (dificuldade na micção e evacuação).

Em todos os cenários, a evolução clínica pode se apresentar com longos períodos livres de sintomas até casos em que os sintomas se tornam intensos rapidamente. O paciente pode experimentar perda progressiva de movimentos dos membros dependendo da localização da hérnia discal.

Se não forem avaliados e tratados corretamente por um especialista, os sintomas de hérnia de disco podem evoluir com o tempo e causar dor intratável ou déficit neurológico permanente.

Se você possui um diagnóstico de hérnia de disco da coluna vertebral e perceber uma piora no caráter e na intensidade da dor, ou perceber piora recente da força dos membros, não hesite em procurar imediatamente auxílio médico.

Mesmo que, anteriormente, você já tenha obtido um parecer contrário a um tratamento cirúrgico do seu caso, o aparecimento ou a piora progressiva  de seus sintomas pode mudar esse parecer ou indicar a eventual necessidade de medidas de tratamento adicionais.

4 Quem pode desenvolver a hérnia de disco?

É importante ressaltar que qualquer pessoa que não prestar atenção a certos aspectos de sua saúde e vida cotidiana, teoricamente pode desenvolver uma hérnia de disco em algum momento de sua vida.

Entre as medidas recomendáveis de promoção de saúde, se encontram:

  • Manter o peso ideal;
  • Correção de problemas posturais;
  • Praticar atividades físicas e esportes adequados;
  • Ter alimentação saudável e ajustada às necessidades de atividade do indivíduo.

Existem situações de risco ao desenvolvimento da doença degenerativa da coluna.

Pessoas que exercem funções associadas a esforço físico pesado e repetitivo podem desenvolver doença degenerativa discal em graus variados.

Profissões que exigem a permanência do indivíduo por longos períodos no exercício de suas funções em posturas inadequadas podem apresentar um risco moderado ao desenvolvimento de doença discal.

Esportes com contato físico intenso ou violento podem, eventualmente, expor os praticamente ao aparecimento de hérnias de disco. Os exemplos são: rugby, futebol americano e algumas artes marciais.

O tabagismo também traz um risco aumentado para o desenvolvimento dessa doença degenerativa do disco. As mulheres têm uma tendência maior a desenvolver hérnias discais cervicais, enquanto os homens são mais propensos às hérnias de disco lombares.

5 Como é feito o diagnóstico?

O  diagnóstico é feito por meio de uma consulta onde o médico avalia o histórico do paciente com a análise dos sintomas  e realiza exame físico.

Durante a consulta, além do exame físico, serão solicitados ou avaliados exames complementares laboratoriais, de imagem e neurofisiológicos na conveniência singular de cada caso.

Lembramos que um exame de radiografia simples da coluna não confirma e nem descarta a possibilidade de um diagnóstico de hérnia de disco.

O diagnóstico só poderá ser confirmado por meio de exames complementares de imagem, como ressonância nuclear magnética (preferencial) ou por tomografia computadorizada da coluna.

É importante entender que uma correlação clínica adequada sobre os achados de exames de imagem só pode ser feita após a avaliação completa de todos os aspectos em  cada caso.

6 Quais são os tratamentos recomendados?

Após a confirmação do diagnóstico, a conduta inicial para pacientes portadores de hérnia de disco pode incluir diversas medidas de tratamento conservador.

Nessa categoria estão o uso de medicamentos, fisioterapia e outras modalidades, como acupuntura, hidroterapia, pilates, RPG, etc.

Atividades físicas são recomendadas a todos os pacientes com discopatia degenerativa após o parecer favorável do médico responsável pelo seu tratamento. Para esta finalidade é necessária a supervisão de um educador físico com experiência em treino de pacientes com essa condição.

O sobrepeso e o baixo peso também devem ser corrigidos. Nesse momento, o acompanhamento por nutrologistas e nutricionistas é  recomendado.

Em todos os casos, o paciente precisa entender que sua total cooperação é de fundamental importância para a plena recuperação. Seguir as recomendações do médico é muito importante, e neste sentido o paciente deve comparecer regularmente  às consultas, usar os medicamentos indicados e realizar as terapias recomendadas.

O médico deve ser periodicamente informado sobre a resposta clínica do paciente para devidos ajustes das modalidades selecionadas a cada caso.

6.1 E se o tratamento conservador não funcionar?

Os pacientes que não apresentarem melhora objetiva, continuada e satisfatória ao tratamento conservador podem exigir tratamento cirúrgico, sempre considerando a natureza específica de cada caso.

O procedimento cirúrgico está indicado quando há dor intratável ou déficit neurológico persistente ou progressivo (perda de força e sensibilidade nos membros e dificuldade de marcha).

Nesses casos, as opções de tratamento cirúrgico podem incluir desde os procedimentos minimamente invasivos até os procedimentos mais convencionais, como os listados no tópico específico sobre cirurgia na coluna neste mesmo site.

O médico responsável deverá discutir as diversas opções de tratamento com o paciente, buscando escolher a mais adequada para cada caso.

Sempre que a opção de tratamento cirúrgico for recomendada, a modalidade escolhida deve ser explicada detalhadamente ao paciente e seus familiares. É de fundamental importância que o paciente entenda adequadamente as possíveis reações  ao tratamento cirúrgico proposto.

Após a cirurgia, o paciente deverá receber orientações sobre as medidas  adicionais de tratamento que serão necessárias à obtenção da melhor qualidade de vida.

O acompanhamento regular com o médico responsável pelo procedimento após a cirurgia é fundamental para ajustes eventuais de medicamentos e para instituição de outras medidas terapêuticas específicas ao caso.

Nos colocamos à disposição para avaliar a sua condição de saúde, caso já possua uma indicação de tratamento cirúrgico na coluna, se sua evolução clínica parecer lenta ou insatisfatória ou, ainda, se você tem dúvidas sobre sua enfermidade.

Não hesite em consultar conosco.